Cientistas descobrem planeta mais quente que maioria das Estrelas


Ilustração mostra a estrela KELT-9 com KELT-9b em sua órbita - Robert Hurt / NASA/JPL-Caltech


Os planetas são corpos celestes que recebem calor dos astros que circundam, mas alguns estão tão próximos do centro de seus sistemas estelares que as temperaturas se tornam extremas. É o caso do gigante gasoso KELT-9b, localizado a 650 anos-luz da Terra, na constelação de Cisne. Com órbita de apenas um dia e meio, ele apresenta temperaturas de até 4,3 mil graus Celsius, mais quente que a maioria das estrelas.

A temperatura das estrelas varia entre 2,1 mil graus Celsius e mais de 100 mil graus Celsius, mas a maioria delas têm temperaturas entre 2,1 mil graus Celsius e 3,4 mil graus Celsius. O nosso Sol tem temperatura de 5,5 mil graus Celsius, sendo “pouco” mais quente que o KELT-9b.

Além do calor extremo, o KELT-9b tem outras características até então nunca vistas pelos cientistas. O planeta tem 2,8 vezes mais massa que Júpiter, mas apenas metade de sua densidade, porque a radiação extrema fez sua atmosfera expandir como uma bexiga de ar. A gravidade da estrela faz com que o planeta tenha rotação sincronizada — como a da Lua e da Terra — e uma das faces seja continuamente bombardeada pela radiação. Como resultado, o calor é tão intenso que moléculas como água, dióxido de carbono e metano não podem ser formadas.

— É um planeta como qualquer outro pelas definições típicas baseadas na massa, mas sua atmosfera é diferente da de qualquer outro planeta que já vimos por causa da temperatura no seu lado iluminado — disse Scottt Gaudi, professor de Astronomia na Universidade Estadual de Ohio e líder do estudo publicado nesta segunda-feira na revista “Nature”.

Além da proximidade, KELT-9b é muito quente porque a estrela que orbita, KELT-9, também tem temperaturas elevadas, sendo duas vezes maior e mais quente que o nosso Sol. Por causa da radiação extrema, o planeta está literalmente evaporando, produzindo uma cauda de gás parecida com a dos cometas.

— A KELT-9 erradia tanta radiação ultravioleta que ela deve evaporar completamente o planeta — disse Keivan Stassun, professor de Astronomia na Universidade Vanderbilt e coautor do estudo. — Ou, se o gigante gasoso possui centro de rocha sólida, algumas teorias sugerem que o planeta será cozido numa rocha árida, como Mercúrio.

Outra possibilidade é que KELT-9b seja engolido pela estrela, caso ela se expanda.

— A KELT-9 inchará para se tornar uma estrela gigante vermelha em cerca de um bilhão de anos — disse Stassun. — As perspectivas de longo prazo para KELT-9b não são boas.

A comunidade astronômica dedica a maior parte dos esforços na busca por planetas considerados habitáveis, com características parecidas com as da Terra, mas Stassun e Gaudi destacam a importância de estudar outros tipos de planetas, que orbitam estrelas diferentes do Sol.

— Enquanto buscamos o desenvolvimento de uma figura completa sobre a variedade de outros mundos, é importante saber não apenas como os planetas se formam e evoluem, mas também quando e sob quais condições eles são destruídos — completou Stassun.

Fonte: O GLOBO

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