CIENTISTAS BRASILEIROS
SUBGRUPO DE DEBATES ESA - AI APRESENTA:
CIENTISTAS BRASILEIROS
Luiz Nicolaci da Costa
Duilia de Mello
Marcelo Gleiser
Jose Leite Lopes
Cesar Lattes
Texto pesquisado, elaborado e apresentado pelos participantes do subgrupo de debates ESA, pertencente ao grupo Astronomia Infinita, no WhatsApp.
Postagem grande mas vale muito a pena ler o artigo todo e conhecer 5 de nossos ótimos cientistas.
1- Luiz Nicolaci da Costa
Atualmente mora no Brasil.
Doutor em Física pela Harvard University, é pesquisador titular do Observatório Nacional e coordenador do Laboratório Interinstitucional de Astronomia (LIneA).
DESCOBERTAS:
O cientista foi responsável pelo projeto SSRS2 cujo objetivo era mapear a estrutura em grande escala do universo local, sendo um dos trabalhos de maior impacto da astronomia brasileira, utilizando-se para isso o telescópio do Observatório do Pico dos Dias, atualmente parte do Laboratório Nacional de Astrofísica, entre outros telescópios. Esse projeto serviu de impulso para projetos posteriores como o ENEAR e o acordo de aquisição de tempo de telescópio entre o Observatório Nacional e o European Southern Observatory no Chile.
Coordenou o ESO Imaging Survey (EIS) na Alemanha e na volta ao Brasil coordena os projetos DES Brazil e a participação brasileira no Sloan Digital Sky Survey III. De olho na astronomia do futuro, baseada na aquisição e análise de grande quantidade de dados, coordena no Observatório Nacional o projeto estruturante Astrosoft para a montagem da infra-estrutura que permita enfrentar os grandes desafios da área de tecnologia da informação aplicada à astrofísica na próxima década. Esses projetos são gerenciados e mantidos pelo Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia que envolve o Observatório Nacional, LNCC, e RNP.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
Pesquisador titular do Observatório Nacional
Pesquisador European Southern Observatory, Alemanha
Professor Visitante Hebrew University Of Jerusalem, Israel
Professor Visitante Institut d Astrophysique, IAP, França
Professor Visitante Universite de Paris Meudon, França
Professor Visitante Harvard Smithsonian Center For Astrophysics, CFA, Estados Unidos
2 - DUILIA FERNANDES DE MELLO
Duília Fernandes de Mello (Jundiaí, 27 de novembro de 1963) é uma astrônoma e astrofísica brasileira com reconhecimento internacional. Atualmente mora nos Estados Unidos.
Duília de Mello nasceu em Jundiaí e cresceu no Rio de Janeiro. Começou a se interessar por Astronomia quando ainda era criança, no final da década de 1970.
Diante desse entusiasmo, começou o curso de Astronomia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e logo após, fez mestrado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos. Depois, concluiu doutorado na Universidade de São Paulo (USP), pós-doutorado no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, no Chile, e no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.
Também passou pelo Space Telescope Science Institute, nos Estados Unidos, e foi professora assistente no Observatório de Onsala, na Suécia.
Atualmente, é pesquisadora associada da NASA, Goddard Space Flight Center, e professora da Universidade Católica da América (CUA, na sigla em inglês), em Washington nos Estados Unidos.
É casada com o astrônomo Tommy Wiklind. Fala português, inglês, espanhol e um pouco de sueco.
DESCOBERTAS:
A cientista foi responsável pelo descobrimento da Supernova SN 1997D. Esta descoberta se deu no Chile, no dia 14 de janeiro do ano de 1997. Além disso, também participou da descoberta das Bolhas azuis, conhecidas como "orfanatos de estrelas" por darem origem a estrelas fora das galáxias
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
Pesquisadora associada do Goddard Space Flight Center desde março de 2003, e professora da Universidade Católica da América, Estados Unidos, desde agosto de 2008.
Cientista visitante do Departamento de Física e Astronomia da Johns Hopkins University, Estados Unidos, desde setembro de 2002.
Professora assistente da Chalmers University of Technology, Observatório de Onsala, Suécia, de março de 2000 a março de 2003.
Pós-doutora no Space Telescope Science Institute, Estados Unidos,, de maio de 1997 a agosto de 1999.
Recém-doutora no Observatório Nacional,Brasil, de janeiro de 1996 a abril de 1997.
Pós-doutora no Cerro Tololo Interamerican Observatory, Chile,, de fevereiro de 1995 a janeiro de 1996.
3 - MARCELO GLEISER
Marcelo Gleiser (Rio de Janeiro, 19 de março de 1959) é um físico, astrônomo, professor, escritor e roteirista. Conhecido nos Estados Unidos por suas aulas e pesquisas científicas, no Brasil é mais popular por suas colunas de divulgação científica na Folha de S.Paulo.
Escreveu oito livros e publicou três coletâneas de artigos. Já participou de programas de televisão do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra, entre eles, Fantástico. Em 2007 e foi eleito membro da Academia Brasileira de Filosofia.
Queria ser músico, mas seu pai Isaac, dentista, convenceu-o a mudar de ideia, pois segundo ele, a música seria uma escolha arriscada, tornando incerto seu futuro profissional.
Após cursar dois anos de Engenharia Química, Gleiser transferiu-se para o curso de Física da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.
Bacharelou-se em 1981. No ano seguinte fez seu mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e em 1986 obteve seu doutorado no King's College London na Universidade de Londres.
Desde 1991, é professor de Física e Astronomia e pesquisador em uma renomada universidade norte-americana, a Dartmouth College em Hanover, Estados Unidos.
Já fez parte do grupo de pesquisadores doFermilab, em Chicago, e do Institute for Theoretical Physics da Califórnia. Recebeu bolsas para pesquisas da NASA, National Science Foundation e da OTAN.
Articulista do jornal Folha de S.Paulo desde 1997, Gleiser divulga a ciência trazendo explicações simples para milhares de leitores. Dentre outras, ministra uma disciplina em Dartmouth chamada "Física para Poetas", extremamente popular na universidade, atraindo pessoas que não possuem ligações com a física.
Essas aulas se caracterizam por relatos da história da ciência e dos cientistas juntamente com explicações sobre os fundamentos da física no laboratório através de experiências e demonstrações em sala de aula.
Em 1994 ganhou do presidente norte-americano Bill Clinton o prêmio Presidencial Faculty Fellows Award por seu trabalho de pesquisa em cosmologia e por sua dedicação ao ensino. Em 1995 ganhou o Dartmouth Award for Outstanding Creative or Scholarly Work e venceu em 2001 o prêmio José Reisde Divulgação Científica. Em 2001, Gleiser foi eleito Fellow da American Physical Society, a Sociedade de Física Americana, da qual é membro. Seu ensaio Emergent Realities in the Cosmos apareceu na antologia Best American Science Writing 2003, editada por Oliver Sacks.
Em 1997 lançou no Brasil seu primeiro livro, A Dança do Universo, que trata da questão da origem do Universo tanto sob o ponto de vista científico quanto religioso.
O livro, escrito para o público não-especializado, tornou-se num marco da divulgação científica no Brasil.
Em 1998 ganhou o Prêmio Jabuti por esse livro, prêmio que viria a repetir em 2002 pelo livro O fim da Terra e do Céu.
No ano de 2005 lançou uma coletânea de suas colunas publicadas na Folha de S.Paulo de 1999 a 2004 intitulada Micro Macro , e em 2007, dando prosseguimento à coleção, outra intitulada Micro Macro 2 . A sua primeira obra inspirou uma peça de teatro do grupo Arte e Ciência no Palco, que estreou no Festival de Curitiba, e foi apresentada em vários teatros e festivais no Brasil e em Portugal.
Em 2006, publicou A Harmonia do Mundo, seu primeiro romance e também um best seller, sobre a vida e obra do astrônomo alemão Johannes Kepler. Em 2010, publicou o livro "Criação Imperfeita: Cosmo, Vida e o Código Oculto da Natureza", onde faz críticas a várias das ideias de unificação na física, argumenta que as assimetrias do Universo não tiveram origem a partir de um Deus, e que são as imperfeições que causaram e causam a formação de estruturas na Natureza, do átomo às células.
O livro foi publicado em sete línguas. Em 2015, publicou The Island of Knowledge que lida com o problema do necessariamente incompleto conhecimento científico e dos limites das explicações do universo.
Em setembro de 2006 estreou nos cinemas o filme O Maior Amor do Mundo, de Cacá Diegues, com consultoria de Gleiser. O filme conta a história de um astrofísico que volta ao Brasil.
Em 2006, apresentou um bloco no programa dominical Fantástico, da Rede Globo, chamado "Poeira das Estrelas".
A série em muito lembra a série Cosmos, de Carl Sagan, com episódios abordando temas científicos e mantendo o foco na astronomia e na origem da vida.
A série inspirou um livro homônimo publicado no mesmo ano.
Em 2008, apresentou no programa Fantástico mais uma série com conteúdo científico, intitulada "Mundos Invisíveis", onde explorou a história da física e da química, da alquimia à física de partículas elementares. Em 2010, narrou o documentário Como Funciona o Universo, exibido pelo canal Discovery Channel.
Religião e ciência
Certamente recorrentes em seus trabalhos os debates entre as visões de mundo religiosas e científicas, Marcelo Gleiser é, contudo, adepto declarado do naturalismo:
“Para mim, não há absolutamente nenhuma dúvida de que o sobrenatural é completamente incompatível com uma visão científica do mundo, visão que costumo defender arduamente. ”
“"... A mecânica universal não precisa de Deus! As pessoas podem precisar de Deus! São duas coisas completamente diferentes!"
” E declara-se ateu, especificamente "... um desses ateus liberais que Dawkins critica"; posicionamentos que certamente transparecem em suas obras também de forma implícita. Ao contrário dos assim denominados ateus radicais, que veem uma guerra declarada entre ciência e religião e nela militam, Gleiser reconhece - embora defensor do ateísmo - o papel que a fé desempenhou e desempenha nos contextos sociocultural, histórico e de definição do ser humano, posicionando-se contra o radicalismo tanto religioso quanto antirreligioso.
Em suas palavras:
“Se sou ateu; se fico transtornado quando vejo a infiltração de grupos religiosos extremistas nas escolas, querendo mudar o currículo, tratando a ciência em pé de igualdade com a Bíblia; se concordo que o extremismo religioso é um dos grandes males do mundo; se batalho contra a disseminação de crenças anticientíficas absurdas como o design inteligente e criacionismo na mídia; por que, então, critico o ateísmo radical de Dawkins?
Porque não acredito em extremismos e intolerância. ... é essa crença ignorante que deve ser combatida; ... é a hipocrisia usada sob a bandeira da fé que deve ser combatida, não a fé em si. ”
Gleiser também declara-se crítico das posturas perfeccionistas do universo , criticando fortemente a busca da comunidade de físicos pela "teoria do tudo" . Para Gleiser o Universo é repleto de imperfeições, e nele não se pode identificar, baseado em nossa tecnologia limitada, uma lei única que reja toda a natureza, postura que o torna crítico direto dos físicos que a buscam na tentativa de estabelecer qualquer "teoria final". Para Gleiser, tais cientistas deveriam ter uma maior "autocrítica":
“Nós conhecemos o mundo por causa de nossos instrumentos... O problema é que toda máquina tem uma precisão limitada. É impossível criar uma teoria final porque nunca vamos saber tudo. Temos de aprender a ser humildes com relação a nosso conhecimento de mundo, que sempre será limitado.
4 - JOSE LEITE LOPES
Leite Lopes era, sobretudo, um homem apaixonado, movido por um apurado senso ético e estético. Acreditamos não ser possível separar o ser humano de sua atividade profissional e Leite, portanto, deixava essa sua paixão transbordar também na Física que fazia, sem perder nunca de vista a dimensão social do cientista.
Filho de José Ferreira Lopes e de Beatriz Coelho Leite, José perdeu a mãe três dias depois de nascer e junto com os dois irmãos, foi criado pela avó Claudina, a Dona Santa.
Em 1935 Leite Lopes ingressou no curso de Química Industrial da Escola de Engenharia de Pernambuco. Em 1936, logo no primeiro ano da Escola de Engenharia de Pernambuco, Leite Lopes conheceu seu grande mestre Luiz Freire, professor de Física e encantou-se pela Ciência. Em 1937 apresentou no 3o Congresso Sul-Americano de Química, no Rio de Janeiro, um trabalho sobre o mecanismo molecular das reações químicas.
No ano de 1940 iniciou o curso de Física da Faculdade Nacional de Filosofia, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, foi convidado por Carlos Chagas Filho, com uma bolsa concedida por Guilherme Guinle, a trabalhar no Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No ano seguinte, com uma bolsa da Fundação Zerrener, Leite Lopes foi para a Universidade de São Paulo (USP), onde aprofundou suas pesquisas. Em 1944, graças a uma bolsa do governo americano, Leite Lopes iniciou o doutorado na universidade de Princeton (EUA).
Trabalhou com Joseph M. Jauch, e iniciou o trabalho de tese sob orientação de Wolfgang Pauli, prêmio Nobel de Física em 1945 e um dos fundadores da Mecânica Quântica. Na universidade, assistiu cursos ministrados por Einstein, Pauli e Reichenbach, entre outros. Em 1946 recebeu o título Ph.D.
Há que se destacar também sua luta pela implantação do tempo integral na Universidade brasileira. Durante toda sua carreira universitária, iniciada em 1946, aos 27 anos, com sua nomeação como Professor de Física Teórica e Superior da Faculdade Nacional de Filosofia (Rio de Janeiro), Leite sempre esteve preocupado com a qualidade da formação dos alunos. Foi, vale lembrar, o primeiro coordenador do Instituto de Física da Universidade de Brasília, criada para ser uma Universidade modelo no País.
Nos anos de 1946 e 1947, trabalhou nas eliminações de contradições da eletrodinâmica, tendo em vista uma teoria desenvolvida por Mario Schonberg.
Aproveitando a notoriedade, Lattes, Leite Lopes e outros pesquisadores resolveram criar um centro de pesquisa. Assim foi criado, em 1949, o CBPF. Nos anos 1949 e 1950, a convite de Robert Oppenheimer e com uma bolsa da Fundação Guggenheim, Leite Lopes foi trabalhar no Instituto de Estudos Avançados de Princeton (EUA).
No ano de 1951, viu o Congresso brasileiro aprovar a mensagem do presidente Dutra, propondo a criação do Conselho Nacional de Pesquisas, hoje Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq, de cuja Seção de Física foi diretor de 1955 a 1961 e, deste ano, até 1964, Membro do Conselho Deliberativo. Durante este período se dedicou à organização do CBPF, como seu Diretor Científico e escreveu livros sobre Física Atômica, Equações Relativísticas e Eletrodinâmica.
A ciência...
Em 1958, publicou a primeira avaliação correta da massa dos bósons vetoriais na prestigiosa revista Nuclear Physics em um artigo intitulado “A Model of the Universal Fermi Interaction”. Nele, Leite apresenta a hipótese de que existiria uma partícula neutra mediadora das interações fracas 40 a 60 vezes mais pesada do que o próton.
A conjectura de Leite Lopes - orientada pela busca da beleza nas leis da Natureza - estava muito além de seu tempo e foi um passo importante para a unificação das forças eletrofracas. A contribuição de J.L.L. foi lembrada por Steven Weinberg por ocasião do recebimento do Prêmio Nobel, em 1979.
Em sua vasta obra científica, Leite Lopes teve muitos interesses, dos quais destacam-se o estudo do elétron e suas interações (tema que lhe foi sugerido por Mario Schenberg no início de sua carreira) e a tentativa de unificar as interações fracas e eletromagnéticas.
Uma inspeção rápida das publicações de Leite Lopes nos permite destacar que os assuntos sobre os quais mais trabalhou foram: a unificação da forças eletromagnéticas e fracas; as teoria das forças nucleares; as reações fotonucleares; a teoria de Weinberg-Salam com lépton neutro pesado e violação da conservação do número muônico; Modelo de estrutura de léptons; estudos sobre possíveis léptons e quarks com spin 3/2, sem falar no tema Ciência & Sociedade que permeia toda a sua carreira, destacando-se o papel da Ciência no Desenvolvimento dos Países do Terceiro Mundo.
5 - CESAR LATTES
Um dos mais famosos cientistas brasileiros de todos os tempos, Cesare Mansueto Giulio Lattes revolucionou o estudo da física no país. Pesquisador que confirmou a existência da partícula conhecida como méson pi, começou a crescer profissionalmente quando foi morar em Londres e passou a trabalhar no Laboratório H. H. Wills, na Universidade de Bristol, que era comandado pelo físico Cecil Powell (1903/1969).
Sua carreira científica teve início em meados dos anos 40, no então Departamento de Física da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, quando publicou trabalho científico sobre a abundância de núcleos no universo, sob a orientação de Gleb Wataghin.
Desde então teve seu nome ligado a resultados científicos da maior repercussão e a iniciativas das mais fecundas para o progresso da ciência no Brasil e na América do Sul. A descoberta do píon em 1947, em colaboração com G.Occhialini e C.F.Powell, foi o marco em sua carreira que se fez acompanhar das mais significativas consequências.
Extremamente curioso, César Lattes, embora com apenas 23 anos quando foi morar em Londres, percebeu que praticamente todos os funcionários do laboratório tentavam capturar os estilhaços produzidos pelo choque de partículas ultraenergéticas, mais conhecidos como raios cósmicos. Com uma ótima formação teórica (teve aulas na USP com integrantes da equipe de Powell), o brasileiro solicitou da Kodac que colocasse um pouco mais do elemento químico boro na composição das chapas, e deu algumas delas para funcionários do laboratório que pretendiam esquiar na França.
Ao retornar para a capital inglesa, um dos funcionários notou as primeiras evidências de uma partícula que muitos pesquisadores da Europa e dos Estados Unidos tentavam identificar: o méson pi (ou píon). Então, ao ser comunicado do que tinha acontecido, César Lattes, sem contar nada a ninguém, escreveu um artigo científico e o encaminhou para publicação. A descoberta revelava a partícula responsável pelo comportamento das forças nucleares.
Esta descoberta gerou uma revolução na ciência, pois até então era aceito que os átomos eram formados por somente 3 tipos de subpartículas atômicas (os prótons, nêutrons e os elétrons). Alguns cientistas chegaram a contestar os resultados, mas o apoio do dinamarquês Niels Bohr (guardem este nome), um dos maiores físicos da época, pesou na aceitação da descoberta, que daria início a uma nova área de pesquisa: a física de partículas.
De um lado a descoberta revelava a partícula, presumivelmente, responsável pelo comportamento das forças nucleares. O alcance desse feito ultrapassou as fronteiras da ciência fundamental dadas as expectativas que então revestiam qualquer ampliação de conhecimentos nesses domínios; o desenvolvimento da energia nuclear, no pós-guerra, demandava formulações que o aliviassem do empirismo oneroso e, muitas vezes, arriscado com que vinha se fazendo. A produção artificial daquela partícula, em 1948, ainda por Lattes, mas agora em associação com Eugene Gardner, no recém-construído sincro-ciclotron da Universidade da Califórnia, em Berkeley, marcou o início de formidável corrida para a construção de aceleradores mais e mais potentes que caracterizou a física nuclear do pós-guerra.
De outro lado, amplas aberturas no terreno da institucionalização da ciência, no Brasil e na América do Sul, acompanharam essa descoberta, ligadas diretamente ao regresso e permanência definitiva de Lattes no continente sul-americano.
Lidera um grupo científico que em 1949 criou o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Instituto que polarizou e agasalhou iniciativas como a da formação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, a da Escola Latino-Americana de Física, o Centro Latino-Americano de Física, enquanto se destacava pela atividade de pesquisas em nível internacional, pelas medidas de modernização dos currículos de ensino da física e as de formação do pessoal que constitui hoje parcela ponderável da liderança científica atuante na física brasileira.
Sua atuação no Brasil durante os primeiros anos teve, também, papel importante na catalização dos esforços que levaram finalmente à criação do Conselho Nacional de Pesquisas - atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - em 1951. Pela criação de um órgão com suas características lutava de há muito a comunidade científica brasileira, constituída em sua maioria por pesquisadores nas ciências biológicas; a eles vieram se aliar grupos de interessados no desenvolvimento da tecnologia nuclear, mas sem poder de transação com a burocracia, face à escassa tradição e à falta de autoridade científica reconhecida naqueles domínios. O Conselho Nacional de Pesquisas deu novo impulso à pesquisa científica e tecnológica no Brasil, tendo contado com Lattes na composição de seu primeiro Conselho Diretor.
Não obstante a singular repercussão da descoberta do píon, as contribuições não esgotam, absolutamente, nesse memorável feito. Dono de rara versatilidade seus trabalhos incluem contribuições do maior mérito em variados campos da física moderna, desde pesquisas teóricas sobre as origens e abundância de espécies nucleares no universo e eletrodinâmica clássica, até desenvolvimentos instrumentais, na área das emulsões nucleares, estes últimos cercados de auspiciosas aberturas; como membro do grupo de Bristol, na segunda metade dos anos 40, é participante da brilhante sequência de desenvolvimentos que culminaram na elevação das emulsões nucleares, antes precários dispositivos de registro ionográficos, à categoria de instrumentos de medição. Esses trabalhos não somente viabilizaram a descoberta do píon, como propriedades físicas. A partir de 1962 lidera a reunião de grupos brasileiros e japoneses num projeto de longo alcance sobre interações a altas energias na radiação cósmica: a Colaboração Brasil-Japão. Desde então os resultados pioneiros desse grupo, em domínios então fora do alcance dos mais potentes aceleradores em operação ou em projeto, ganharam elevado prestígio nos meios científicos internacionais, considerados como promissoras aberturas para expansão das fronteiras da física moderna.
Finalmente aposentou-se em 1986, quando recebeu o título de Doutor Honoris Causa e Professor Emérito pela UNICAMP. Mesmo aposentado, continuou a viver em uma casa no distrito próximo ao campus da universidade. Morreu de ataque cardíaco em março de 2005.
LATTES E EINSTEIN
Quanto à controvérsia com Albert Einstein, veja os trechos abaixo, retirados desta entrevista de 05 de agosto de 1996, publicada no jornal Diário do Povo, de Campinas:
Repórter: O senhor é tido como um crítico de Einstein, não é mesmo?
César Lattes: Einstein é uma fraude, uma besta! Ele não sabia a diferença entre uma grandeza física e uma medida de grandeza, uma falha elementar.
Repórter: E onde exatamente ele cometeu a falha a qual o senhor está falando?
César Lattes: Quando ele plagiou a Teoria da Relatividade do físico e matemático francês Henri Poincaré, em 1905. A Teoria da Relatividade não é invenção dele. Já existe há séculos. Vem da Renascença, de Leonardo Da Vinci, Galileu e Giordano Bruno. Ele não inventou a relatividade. Quem realizou os cálculos corretos para a relatividade foi Poincaré. A fama de Einstein é mais fruto do lobby dele na física do que de seus méritos como cientista. Ele plagiou a Teoria da Relatividade. Se você pegar o livro de história da física de Whittaker, você verá que a Teoria da Relatividade é atribuída a Henri Poincaré e Hawdrik Lawrence. Na primeira edição da Teoria da Relatividade de Einstein, que ele chamou de Teoria da Relatividade Restrita, Ele confundiu medida com grandeza. Na segunda edição, a Teoria da Relatividade Geral, ele confundiu o número com a medida. Uma grande bobagem. Einstein sempre foi uma pessoa dúbia. Ele foi o pacifista que influenciou Roosevelt a fazer a bomba atômica. Além disso, ele não gostava de tomar banho…
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